Amazon e Mercado Livre investem USD bilhões em Robôs

Se os Jetsons viviam em um mundo de carros voadores e robôs ajudantes, hoje estamos cada vez mais próximos dessa realidade futurista, especialmente na logística. A busca constante por maior produtividade e redução de custos impulsiona empresas de todos os tamanhos a encontrar maneiras mais eficientes de mover mercadorias, otimizar estoques e satisfazer as crescentes expectativas dos clientes. Em um cenário tão competitivo, a implementação de robôs surge como uma solução poderosa e transformadora.

A Busca Contínua por Produtividade e Redução de Custos

A logística é um setor onde margens de lucro são estreitas e a eficiência operacional pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma empresa. A movimentação de mercadorias, uma das atividades mais fundamentais e desafiadoras na cadeia de suprimentos, representa uma parte significativa dos custos logísticos. Reduzir esses custos e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade, é essencial para manter a competitividade no mercado global.

Empresas têm investido em diversas tecnologias e metodologias ao longo dos anos para alcançar esses objetivos. Desde sistemas de gerenciamento de armazéns até técnicas avançadas de otimização de rotas, a inovação tem sido constante. No entanto, a introdução de robôs na logística elevou essas iniciativas a um novo patamar, oferecendo benefícios tangíveis e mensuráveis.

A História dos Robôs na Logística

A utilização de robôs na logística tem suas raízes nas inovações industriais do século XX. O conceito de automação industrial começou a ganhar força nos anos 1950 e 1960, com a introdução dos primeiros robôs industriais pela empresa Unimation. Esses robôs foram inicialmente utilizados em linhas de montagem para tarefas repetitivas e perigosas, principalmente na indústria automotiva.

Na década de 1980, o avanço dos sistemas de controle e da tecnologia de sensores permitiu que robôs mais sofisticados fossem desenvolvidos. Empresas como a KUKA Robotics e a ABB começaram a produzir robôs para uma variedade de aplicações industriais, incluindo a logística. No entanto, foi somente no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 que a automação logística começou a ganhar tração, impulsionada pela demanda crescente por eficiência e rapidez no e-commerce.

O Advento dos Robôs Móveis

Um marco importante foi a criação dos robôs móveis autônomos (AMRs – Autonomous Mobile Robots) pela empresa Kiva Systems, fundada em 2003. Kiva desenvolveu uma nova abordagem para a automação de armazéns, utilizando robôs para transportar estantes inteiras de produtos até os operadores humanos, em vez de fazer com que os operadores se movessem até os produtos. Esta inovação revolucionou a logística de armazéns, levando a Amazon a adquirir a Kiva Systems em 2012 por US$ 775 milhões. Após a aquisição, a tecnologia Kiva se tornou uma parte central dos centros de distribuição da Amazon, renomeada como Amazon Robotics.

A Importância dos Robôs na Logística

A logística é um dos setores mais complexos e críticos da economia moderna. Gerenciar estoques, processar pedidos, transportar mercadorias e garantir a entrega eficiente são tarefas que demandam precisão e velocidade. Os robôs vêm para agregar valor em várias etapas desse processo, trazendo benefícios como aumento da eficiência, redução de erros, otimização de espaço e segurança.

Possíveis Impactos no Emprego

A adoção de robôs na logística também levanta preocupações sobre a possível perda de empregos. A automação de tarefas antes realizadas por humanos pode levar à redução de postos de trabalho em setores específicos, como o de operadores de empilhadeiras e separadores de mercadorias. No entanto, a automação pode transformar os papéis dos trabalhadores humanos, criando novas funções na operação e manutenção dos robôs, na análise de dados e na supervisão dos sistemas automatizados.

“A automação não significa necessariamente a perda de empregos, mas sim a transformação deles,” afirma Martin Ford, autor de “Rise of the Robots.” A transição para um ambiente de trabalho mais automatizado exige a requalificação da força de trabalho, o que pode ser feito através de programas de treinamento e desenvolvimento de habilidades. Além disso, a substituição de tarefas perigosas e repetitivas por robôs pode melhorar a segurança no local de trabalho, reduzindo lesões e acidentes.

O Case da Amazon

A Amazon, uma das maiores plataformas de e-commerce do mundo, está liderando o caminho em termos de inovação logística nos Estados Unidos. A empresa tem investido pesado na implementação de robôs em seus centros de distribuição, buscando aprimorar a eficiência e a capacidade de processamento de pedidos.

Nos últimos anos, a Amazon destinou bilhões de dólares para a expansão e modernização de sua infraestrutura logística. Esse investimento inclui a aquisição de robôs autônomos para movimentação de mercadorias, sistemas automatizados de triagem e tecnologias avançadas de gerenciamento de armazéns. A adoção de robôs pela Amazon já mostrou resultados impressionantes: redução de tempo de processamento, aumento de capacidade e maior precisão na separação e envio dos produtos.

O Futuro da Logística no Brasil

Embora o Brasil tenha entrado mais tarde nessa tendência devido aos elevados custos iniciais, o cenário está mudando rapidamente. Empresas brasileiras estão começando a investir pesado em automação logística para se manterem competitivas no mercado global. Um exemplo notável é o Mercado Livre, que está investindo significativamente em robôs para otimizar seus centros de distribuição e melhorar a eficiência operacional. “Estamos focados em longo prazo e a logística é uma prioridade crítica,” afirma Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil. Yunes também destaca que a empresa planeja ampliar sua presença e investir em tecnologia avançada para sustentar seu crescimento contínuo​​.