Uma jornada de Inspiração e Liderança na Logística
Neste artigo, Nádia Ribeiro, uma renomada executiva da área de logística, compartilha suas experiências e reflexões sobre o tema “Mulheres na Liderança”. Ela relata sua trajetória profissional, os desafios enfrentados e as oportunidades que surgiram ao longo do caminho. Além disso, Nadia destaca a importância de preparar as futuras líderes e a necessidade de diversidade no ambiente de trabalho para fortalecer as organizações
Quando comecei no mundo da logística, (aos 17 anos) foi por acaso. Não tinha planos nem ambições, queria um trabalho que me permitisse ganhar algum dinheiro para ajudar meus pais (tínhamos acabado de imigrar da Jordânia, e meu pai – médico – ainda não podia exercer a profissão no Brasil antes de um processo – longo – de revalidação). Também queria poder viajar, e trabalhar numa cia aérea me daria acesso a bilhetes com bom desconto. Achei uma vaga na área de Cargas, assim caí no universo de logística e me apaixonei por este mundo de transporte internacional
Realmente não havia muitas mulheres em cargos de liderança, mas novamente nunca refleti sobre isso. Sim havia as vezes pequenas situações em que eu sentia um certo desdém, ou uma piadinha de mal gosto, mas nunca dei muita atenção e sempre me posicionei com profissionalismo, com isso as oportunidades continuavam aparecendo e foi crescendo na minha carreira.
Em paralelo me casei e tive duas filhas. Tive a sorte de ter um marido e uma família que me apoiou muito e com isso consegui conciliar o trabalho com a família sem grandes sacrifícios.
Mas por que há tão poucas mulheres na área de logística?
Não estou certa se é mais restrito que outras áreas, mas certamente a quantidade de viagens, eventos, jantares com clientes, reuniões longas e situações de emergência, onde às vezes é necessário falar com a China à noite ou atender um voo no aeroporto de Viracopos no fim de semana, pesam um pouco mais. Além disso, há o fator do ‘timing’. A fase em que uma mulher está no auge de sua carreira frequentemente coincide com o período em que ela tem seu primeiro ou segundo filho.
Sempre disse às mulheres que trabalharam comigo que é possível ter tudo (YOU CAN HAVE IT ALL). Basta uma boa organização e vontade. E claro, é essencial gostar do que se faz. Isso é chave.
Escuto muito sobre a ‘síndrome de impostora’, uma condição em que muitas mulheres (e alguns homens) se sentem profissionalmente inferiores ao que realmente são. Mas inseguranças e dúvidas fazem parte de qualquer carreira. Hoje vejo várias mulheres em cargos de liderança na logística, muitas delas admiráveis. O que precisamos é preparar nossas sucessoras, começando do nível mais baixo.
Nos escalões de entrada nas empresas, há muitas mulheres brilhantes que às vezes não têm a confiança, preparo ou apoio que precisam, e que não acreditam no seu direito de trilhar o caminho para cargos mais altos. É crucial que as empresas abram espaço para preparar essas jovens, não apenas tecnicamente, mas também através de fóruns de debates, grupos de trabalho, mentorias, etc
Todos sabemos que a diversidade traz riqueza para qualquer ambiente de trabalho. Uma gestão de mulheres que pode oferecer, além de inteligência e visão, uma empatia singular, só pode fortalecer uma organização, especialmente num cenário de uma geração mais sensível e vulnerável e que valoriza a qualidade de vida e ambiente de trabalho.
Após ter encerrado minha carreira executiva, no início deste ano, tive o prazer de começar a mentorear algumas mulheres (e homens) que estão em ascensão profissional, e tem sido extremamente gratificante, compartilhar minha experiência e apoiá-las em sua trajetória.
Incentivo todas as mulheres a buscar oportunidades e a acreditar em seu potencial. Juntas, podemos transformar o cenário da logística.